terça-feira, janeiro 29, 2008

Fumar Mata

De facto mata.
Mas um camião em sentido contrário na IC19 também, e não leva nenhum autocolante igual na grelha da frente. Percebeu-se agora, depois dos quilómetros e quilómetros de auto-estrada que os fumadores foram calcando nos pulmões, que, epá... mata. Não que antes de anunciarem nos maços não matasse. Mas achámos que era mais giro só revelar a surpresa agora. Antes morriam um bocado à toa, agora morrem com uma explicação da tabaqueira. parece-me querido. Mas mata, e é bom que assim seja. Até me deixa de certa forma aliviado. Somos muitos, a verdade é essa. E cada um de nós existe muito. Logo, nada faz mais sentido. Nem todos fumam, o que me deixa descansado sobre o paradeiro do mundo. Não há nada mais aborrecido do que morrer de perfeita saúde, durante uma sessão de cardio-fitness. É até, se me permitem, motivo de chacota. Se apanhasse alguém a morrer dessa forma, faria questão de durante o funeral, me fazer munir de um microfone e um amplificador de médio tamanho, e insultar a senhora Augusta que morreu na passadeira do ginásio. É que é parva, a mulher. São pessoas que não têm o minímo sentido de morte. Pessoas estúpidas irritam-me, mas pessoas que nem sequer sabem morrer, dão-me vontade de estrear os sapatos na boca delas, com jeitinho. Morrer num jogging de sábado de manhã está ainda num patamar ridículo, e também constrangedor. Ninguém quer ser encontrado, esticado no circuito de manutenção do Estádio Nacional, com um fato de treino novo, ainda com os vincos de estar dobrado há meses, com um phones nos ouvidos (a ouvir provavelmente um qualquer cantor, também ele saudável), e com um coração em coma profundo. Nem a andar de canoa, nem a fazer amor, nem na secção de legumes de um hipermercado. Todos estes panoramas disponíveis para uma morte, são, em ultima análise, absurdos. A morrer, que seja coberto de embalagens de fast-food, com um cigarro meio apagado no canto da boca, com duas linhas de cocaína prontas na mesa de vidro, e a ver os Mini Malucos do Riso. Assim, morre-se com dignidade, na plena certeza que a primeira pessoa que o encontrar dirá: "Eu bem lhe disse que a televisão não estava para brincadeiras".

Ps - Este foi o post 100 deste blogue. Que venham outros 100 para massacrar estes leitores que já são bastantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora aqui está um artigo que já fazia falta! Absolutamente digno de ser apresentado em assembleia da república!


Depois de tanta controvérsia á volta da lei do fumo, acho bem que haja alguém com coragem de mostrar que há outras formas de morrer sem ser pelo tabaco.

Mas faz todo sentido também estar consciente que essas formas de morrer são absolutamente estúpidas e desonrosas. Isto é focado de forma sublime neste artigo. Fiquei maravilhado com esta perspectiva.

Realmente morrer a praticar actividades saudáveis.. que absurdo.

Deem-nos lá masé o tabaco para mostrarmos a esta gente como é que se morre de verdade!

Uau 100 posts sempre a filosofar hein? =D

Coisa mai linda xD

Rock On