GPS

Senhores Leitores (e reparem como me refiro a vocês com letra maiúscula e tudo), o tema que me trás aqui hoje, é um tema tão bom que eu nem sei se vos hei-de dizer qual é ou se, fico só a olhar para o teclado enquanto enfio Maltesers pelas narinas a dentro.

Hoje, queria falar sobre o objecto mais usado desde o soutien, mesmo em homens (há por ai muito bom homem com excesso de peso que usa soutien), que é obviamente o GPS.
O GPS, desde há uns anos atrás que se tem tornado num utensílio básico na vida dos portugueses.
Antigamente, chegávamos a todos os lados com um simples mapa ou com um simples abrir de janela, perguntando a um homem de boné na cabeça, que nos ia dizer tudo menos o sitio certo.
Hoje em dia, temos uma maquineta que faz isso por nós, com a voz irritante de uma mulher que parece estar a fazer terapia da fala. Creio que não há uma única senhora que faça as vozes do GPS que tenha uma voz normal, que fale num português normal, um português de quem não tenha tido uma trombose que lhe afectou um bocado da boca. Não é "vire à isquerda", até porque é esquerda com um "E" e não com um "I".
A ideia que eu tenho é que a senhora vai sempre deitada na mala do carro, ao lado do macaco e do triângulo de sinalização, com um microfone apontado para a boca. Até porque ela não precisa de ver visto que acaba sempre por mandar o condutor virar num sitio onde está uma parede, ou então manda na auto-estrada cortar a esquerda. Eu se fosse seguir tudo o que aquela mulher irritante diz, já tinha entrado por quatro prédios adentro e já tinha ido até a Alcochete pelo rio, só porque ela acha bem.
Agora é claro que eu gosto da senhora, até porque não tenho nada contra ela. Acho que ela tem andado a fazer um trabalho espectacular por todo o país e olhem que saber aquelas estradas todas de cor não deve ser pêra doce. Só acho que alguém tem que levar a mulher ao Jardim Zoológico, a um SPA, a coisa do género. Porque senão, mais cedo ou mais tarde ela entra em depressão. E estar deprimido já é o que é, então ter que estar na bagageira de um carro a resolver essa dita depressão ... pensem nisso.
Outra coisa boa do GPS é que faz muita companhia. É uma coisa que dá para beber um whisky, estar ali a conviver um bocadinho. Eu antigamente andava sempre com um papagaio no porta luvas, porque ele me ia dizendo umas coisinhas de vez em quando mas não é a mesma coisa, até porque o som vinha assim um bocadinho abafado. Desde que tenho o GPS, é tudo muito melhor. Posso ir falando no caminho com a senhora que está encastrada na bagageira, sobre o IC19, sobre a 2ª Circular ou até mesmo sobre o IP5.
Para quem não tem ainda um GPS, aconselho vivamente.